há um realizador que me dá um galo do caralho e a quem eu concedia, em plena palermice da juventude, que me estragasse quase um fim de semana por ano.
agora que estou mais maduro (aka viçoso), fisica e intelectualmente, sobretudo estúltimo, a autenticidade do cinema (como se o titanic fosse menos autêntico que o europa - não foi, já lá chegarei) só entra no meu discurso quando o meu companheiro de cabidela às sextas, defende o indefensável. e os filmes do larstrier (propositadamente sem von nem espaço, aceitem o contributo) são tão indefensáveis como um livre de sete metros de qualquer internacional franco-preto desse desporto tão sofisticado que é o hand-bol.
a propósito desta nova plícula, o lastrier confessou que surgiu como uma espécie (ou um espécime, agora escolha) de exercício de desbloqueio face a uma depressão (ou despressão, como seria mais adequado se o auteur se soubesse expressar). e retrata o inferno da culpa de um casal que se refugia na floresta após a morte do filho.
sobre a autenticidade, estamos conversados. alguém viu o eric clapton ocasionalmente a foder numa cabana quando o filho se atirou da janela? é isso que os casais fazem nas suas cabanas na dinamarca depois do suicídio dos seus mais novos? creio muito e acredito ainda mais que não.
o que mais gostei no titanic (já cá chegámos) foi ver as pessoas fazerem exactamente o que eu faria se o navio que me levava ao ártico chocasse contra um glaciar. o larsvon, porém, poria (olé) a cate winsleit a masturbar-se na popa do barco e o pessoal que pensa como o meu companheiro de cabidela rejubilaria com a derrota das massas da opressão das maléficas fórmulas dos grandes estúdios (olé).
agora as mulheres, porque afinal disso se trata em qualquer filme deste sobrevalorizado idiota. tenho uma forte convicção que o pessoal do blogue das mamas concordará comigo aqui. e que o meu amigo da cabidela, que se sente legitimado a mamar gins tónicos em barda só porque já chegou a sexta-feira, discordará de mim aqui. o larstrier é, himself, um erro de casting que se reproduz. atestemos nas suas mulheres: a emily watson, a bi-ork, a nicole kidman e a charlotte gainsburg, só para nomear as que me lembro. todas elas sofredoras. todas elas de mamas pequenas, como que por castigo. a ingmar bergman (e que categoria têm os filmes dela), podem ver aqui, pelo contrário usava a livulman e outras fufas com tetas tão grandes que, entre uma e outra, caberiam sempre frigideiras a voar.
e o que é que o vontrier faz com elas, as mulheres (agora convém esquecer as frigideiras.)? põe-nas a sofrer, que o gajo é um austero. no filme sofrem e na rodagem sofrem. a malta amiga do meu amigo re-rejubila. é de artista pôr as gajas a sofrer. o tó-pê devia aprender. a soraia não sofre, logo o filme não presta. é assim que se mede um filme, caralho? pois não. e eu mais depressa vou ver o bela e o patarazzo do que o anti-cristo, que também se vende legendado ali nos gitanos.
deixo-vos, a propósito de gitanos, um apontamento excertado do el berto, também ele muito dado aos polissíndetos e a tudo o que de bom a vida tem para oferecer, que consubstancia mais cabalmente aquilo que aqui tentei dizer para bem de todos vós, vastos leitores.
e que alegria me dariam se, em vez de andarem a engatar-se uns aos outros, elogiassem este magnífico poema na caixa de comentários, mesmo que de forma singela.
o fogo a seiva das plantas eivada de astros
a vida policopiada e distribuída assim
através da língua... gratuitamente
o amargo sabor deste país contaminado
as manchas de tinta na boca ferida dos tigres de papel