17/03/10

em podendo, o dinheiro de uma flor para a madeira ia para o benfica

os meus trezentos leitores diários têm me escrito muito, que sentem a minha falta e algo mais. não ando propriamente trantornado com as nove facadas que uma mulher levou aqui à porta ou por o meu avô ter sido internado e conseguido abalar sozinho meia hora depois e ter de andar a telefonar à polícia e ter comprado um carro e vendido outro no mesmo dia e aparecer-me a prestação dos dois para pagar no mesmo dia nem sequer por me marcarem aulas sempre à hora em que joga o carvalhal nem nada disso porque estas merdas resolvo eu num quarto de hora uma vez que tenho uma magna moralia para aí o dobro da vossa.
o que me tem levado tempo e consumido o meu cérebro (parece um óctopede a trabalhar, haviam de ver) são os poemas do mário cesarinho e a reflexão cuidada que me exijo depois de os ler com uma atenção que só está ao meu alcance.
 tenho uns índices técnicos de concentração na leitura muito acima da média porque ao ler os meus olhos basculam e ocupam equilibradamente os espaços entre linhas, e depois tenho um forte poder de antecipação que me permite detectar logo as minhas dúvidas em termos de poder prosseguir a leitura do poema. e depois sou calmo e não me precipito. vou ao dicionário ver o que quer dizer, e depois rapidamente absorvo aquilo tudo que lá está escrito, e às vezes são quase três linhas para explicar uma palavra, para, por fim e de forma magnífica, na bisga, partir para o resto da leitura a perceber tudo até ali.


Esta semana já li para aí quase uma dúzia (entre dez e onze) de poemas de cesarinho e percebi mais de setenta e cinco por cento deles na totalidade ou na maioria das partes.

este aqui, por exemplo, é sobre um paneleiro e mais pichotas e o fernando de sousa.


cá vai:

O Álvaro gosta muito


O Álvaro gosta muito de levar no cu

O Alberto nem por isso

O Ricardo dá-lhe mais para ir

O Fernando emociona-se e não consegue acabar.



O Campos

Em podendo fazia-o mais de uma vez por dia

Ficavam-lhe os olhos brancos

E não falava, mordia. O Alberto

É mais por causa da fotografia

Das árvores altas nos montes perto

Quando passam rapazes

O que nem sempre sucedia.



O Fernando o seu maior desejo desde adulto

(Mas já na tenra idade lhe provia)

Era ver os hètèros a foder uns com os outros

Pela seguinte ordem e teoria:

O Ricardo no chão, debaixo de todos (era molengão

Em não se tratando de anacreônticas) introduzia-

-Se no Alberto até à base

E com algum incómodo o Alberto erguia








este urso que gosta de apanhar no cú fica aqui bem.